sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011



Um ano novo vem aí.
Que você estude, trabalhe, se divirta, namore, faça festa, passeie, descanse, viaje...
Esqueça as tristezas, as angústias, as decepções e tudo de negativo que possa ter acontecido em 2010. Renove as energias e faça um 2011 inesquecível!

7 mensagens de Feliz Ano Novo para refletir:

"Para sonhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre" (Carlos Drummond de Andrade).

"O objetivo de um ano novo não é que nós deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova" (Gilbert Keith Chesterton).

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier).

"Nós abriremos o livro suas páginas estão em branco nós vamos pôr palavras nele. O livro chama-se oportunidade e seu primeiro capítulo é o dia de ano novo" (Edith Lovejoy Pierce).

"Nenhum ano será realmente novo se continuarmos a cometer os mesmos erros dos anos velhos" (Luís de Camões).

"A cada dia de nossa vida, aprendemos com nossos erros ou nossas vitórias, o importante é saber que todos os dias vivemos algo novo. Que o novo ano que se inicia, possamos viver intensamente cada momento com muita paz e esperança, pois a vida é uma dádiva e cada instante é uma benção de Deus" (Charles Lamb).

"Um otimista fica acordado até meia-noite para ver a entrada do ano novo. Um pessimista fica acordado para ter a certeza de que o ano velho se foi" (Bill Vaughn).

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Acabou!

Chegou o esperado encerramento do ano letivo!
Foi um ano trabalhoso, com grandes momentos de reflexão, de aprendizagem, de trocas de saberes e de ideias (ou ao menos era para ter sido).
Que para os estudantes tenham sido 200 dias de crescimento intelectual, pessoal e social, momentos de construção de conhecimento.
E, sempre quando chegamos neste final, me dou conta que quem mais aprendeu fui eu, professor. Isto porque já não tenho mais aquela enganosa impressão de que “ensino” e os estudantes “aprendem”. Reconheço que na "educação moderna" minha função é ajudar o aluno a construir seu conhecimento, seja orientando, direcionando e/ou mediando.
Hoje, fica claro que na relação educador-estudante há um contrato didático onde um investe no ensino e o outro aprende, mas, em muitas situações, pode ser que quem aprenda é o professor...
E, nesta época do ano, tudo muda: se ao longo do ano letivo tem-se o privilégio de conhecer várias figuras distintas, de realizar várias atividades, de se relacionar bem (ou não) com alunos, é nessa troca de sentimentos e de experiências que ao fim estamos mais sensibilizados com as despedidas, com os abraços, com as mensagens de boas festas e felicidades para o novo ano. É neste período que percebemos que nesta relação perpassam muito mais que conteúdos e objetivos escolares pré-estabelecidos; perpassam sentimentos e valores, significados e trocas.
Durante o ano os professores ficam sabendo algo a mais sobre os estudantes, das dificuldades que enfrentam externos ao colégio (sociais, econômicas, afetivas, etc.), afinal são adolescentes, o que por si só já é um problema. Com isso, às vezes, criam laços de afetividade e modificam completamente a fria relação professor-aluno.
É por isso que busco, durante minhas aulas, abrir mão do "monólogo docente" para investir no diálogo, ouvindo mais, socializando mais, trocando mais e aprendendo mais...
A todos que estiveram comigo em 2010, aprovados ou não, felizes ou não, satisfeitos ou não, tenho a certeza que algo de útil levarão com vocês (principalmente os estudantes do 3° ano). Portanto, muito obrigado por esta nova experiência profissional, pois cada ano é diferente do outro e sempre se aprende mais!
Vinicius Fernandes Batista - professor de língua espanhola

domingo, 12 de dezembro de 2010

Crônica: Fim do ano letivo

Fim de ano letivo. Avaliação

Acreditava-se, em época anteriores, que o educando poderia deixar a condição de ser humano único para tornar-se um ser “aprendente”; raramente eram consideradas as diferenças existenciais e acreditava-se na possibilidade de todos apresentarem o mesmo desempenho; num processo de nivelamento em que o professor ensinava os alunos e depois cobrava, independentemente das condições biológicas e ambientais das quais estava inserido.

Há algum tempo, a literatura vem falando do professor e das características que o tornam importante na vida e na memória de seus alunos. Para isso, é preciso que o professor conheça o educando, o que ele já sabe e sente para sua própria busca. É preciso entender as diferenças individuais, como a personalidade, o grau de interesse pelo estudo, o amadurecimento emocional, entre outros. Essas diferenças devem ser consideradas em sua totalidade, pois cada um possui a sua história, sendo, portanto, fruto dela.

As características que se tornam marcantes nos professores são a profunda inter-relação entre aspectos profissionais e pessoais, entre as quais podemos destacar aqueles que “amam o que fazem”, que “valorizam o aluno”, que “sabem explicar muito bem a matéria”, que “motivam as aulas”, que “são seres humanos ímpares”.

É aquele professor que geralmente alia características positivas do domínio afetivo às do domínio cognitivo. Ele estimula a independência dos alunos, é cordial e amistoso em classe, cria condições para uma visão crítica da sociedade e da profissão, estimula a participação, valorizando o diálogo, organiza o ensino sem se considerar o “dono do saber”. Enfim, é autêntico e verdadeiro.

É aquele mestre que cujas palavras repercutem positivamente no aluno, inspirando a inteligência, levando a enfrentar seus desafios e não apenas a ter cultura informativa. “A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”(Einstein).

Portanto, é necessário que a clássica maneira de avaliar seja um momento de reflexão. A avaliação do ser humano não poderá apenas se ater ao que ele é capaz de reproduzir, mas considerar ainda sua capacidade de criar, construir e transformar. Assim sendo, a avaliação deve ser um meio de promoção da melhoria do ser, auxiliando-o na busca de seu projeto de vida. A formação é contínua, porque tanto os seres quanto os saberes estão em transformação.

SILCA T. MALUTTA | Parapsicóloga clínica

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Reta final


Dezembro chegou e agora falta muito pouco para o encerramento de mais um ano letivo.
É época das avaliações finais do último trimestre e hora das contas (para os docentes e discentes).
O interessante é o efeito que esses números causam sobre os estudantes, e mais incrível ainda é como isso ocorre com mais clamor no fim de ano.
Parafraseando o que li em um blog, "talvez a proximidade do Natal e do Ano Novo façam com que os estudantes acreditem em uma 'bondade' repentina de seus educadores, passando a vê-los como verdadeiros aprendizes de Papai Noel. E os pedidos são os mais variados possíveis, ou seja, desde uma prova final fácil até pequenos décimos de nota para não reprovar (engraçado é como eles exaltam suas qualidades exercitadas ao longo do ano, assim como as crianças fazem com o Bom Velhinho)".

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sociologia

O caldo transbordou (Prof. Zilcer Zimmermann Coura)

Como podemos interpretar o atual choque de forças em confronto na cidade do Rio de Janeiro entre, de um lado, as forças da lei e do Estado, e, de outro, os traficantes, que anos a fio desafiaram a legitimidade dos aparelhos de Estado? O que teria acontecido agora de diferente para que de uma hora para outra o governo do Estado respondesse energicamente e a contento, de forma profissional, competente, às diversas intimidações dos bandidos, que em outras circunstâncias foram tão virulentas quanto esta última?

Como explicar também o atual quadro de euforia generalizada que tomou conta da sociedade carioca? Percebe-se no ar, nas faces das pessoas, um estado de excitação, provocado, por um lado, ainda pelo medo e pelo susto das tragédias, por outro, por um sentimento de alívio, misto de perplexidade e tensão. Diante deste quadro de aparente dormência coletiva, fica ainda no ar uma questão não respondida, ou, na verdade, mal formulada: Por que não se tentou isso antes? Para que esperar tanto tempo?

Para tentar dar cabo dessas problematizações iniciais vamos adotar como ponto de partida da reflexão o modelo baseado na teoria dos jogos cujos pressupostos se baseiam, em primeiro lugar, na interação estratégica entre diversos agentes (jogadores). Em segundo lugar, o modelo deverá traçar extensivamente as possíveis ações e estratégias que podem ser adotadas pelos diversos jogadores num determinado cenário de concorrência iminente. O importante é que o modelo, na medida em que incorpore os elementos realmente significativos e sua estrutura seja coerente com a forma pela qual se processa a interação estratégica, sirva como um guia eficiente para o entendimento de fenômenos da vida econômica, empresarial e social.

Nas palavras de Fiani,

“O leitor não deve perder de vista que, ao modelar um jogo, o que se está fazendo é representar uma situação de interação estratégica de forma abstrata, isto é, focalizando-se apenas aqueles elementos considerados mais importantes para explicar como os agentes (jogadores) interagem entre si. Assim, qualquer modelo sempre será uma representação muito simplificada de uma realidade infinitamente mais complexa” (Fiani, 2006, p. 43)

É isso que vamos realizar a partir de agora, isto é, definir quem são os jogadores (no nosso caso, as instituições do Estado do Rio de Janeiro representado pela figura de Sérgio Cabral, de outro lado, as facções de traficantes) e as possíveis ações que uns e outros podem acionar nas diferentes situações de interação. Também é importante frisar que as estratégias são guiadas por escolhas racionais, portanto, não levam em consideração emoções ou sentimentos. São ações que otimizam meios e fins, apenas.

Como esta hipótese visa apenas explicar muito que grosseiramente como uma determinada teoria pode nos auxiliar a entender as tomadas de decisão em um processo social complexo, restringiremos nosso exemplo a situações simples que não ultrapassam duas ou três ações possíveis na interação estratégica.

Agente 1: as facções de traficantes. Ambiente: atuação dentro dos territórios das comunidades carentes. Situação de jogo: cerco e ocupação da polícia nos morros cariocas. Estratégias previstas: a) a polícia sairá ou não sairá das comunidades; b) fuga em massa, submissão, perda de controle e prestígio no morro; c) retaliação, intimidação, uma vez que em outras circunstâncias isso aconteceu e o poder público se mostrou inofensivo. Os traficantes estrategicamente chegaram a conclusão de que a polícia não abandonará os morros – ou foram levados a acreditar nisso – e de que se eles não fizessem nada corriam o risco de perder seu poder. Solução: vandalismo, deflagração da violência urbana e confronto aberto com a polícia. A estratégia adotada só não previra a resposta enérgica com a qual o poder público respondera imediatamente. Erro de cálculo não previsto no momento de traçar as possíveis jogadas dos atores.

Agente 2: instituições do poder público. Ambiente: a) conter o avanço da criminalidade na cidade; b) pressão da sociedade (internacional também) para dar um fim à situação; c) ônus político a ser pago pela inércia ou até mesmo pela perda do jogo. Situação de jogo: invadir os morros e tomar seu controle das mãos dos traficantes. Estratégias previstas: a) a situação é controlável, configurando-se apenas como reações espasmódicas de desespero por parte dos bandidos quanto à instalação das UPP’s, sendo suficiente fazê-los recuar aos seus territórios; b) posso resolver lutar e perder a batalha, enfraquecendo a legitimidade das instituições públicas; c) posso ainda lutar e vencer. Obviamente, outras variáveis importantes, não consideradas aqui por conta da simplificação, entrariam no cálculo: poderio bélico, dinheiro, contingente de homens, coesão institucional etc.

Enfim, todas estas possíveis estratégias são estudadas, combinadas entre si, para se chegar à disposição de uma série de ações que podem ser mobilizadas dependendo da ação adotada pelo oponente.

No caso do governo do Rio de Janeiro, enquanto a bandidagem ficava confinada nos morros, fazia-se vista grossa ao que ali rolava nas comunidades, sofrimento, mortes, estupros, violência etc. Estrategicamente não era interessante do ponto de vista econômico, político, institucional, social, cultural, agir de outra forma naquelas circunstâncias.

A partir do momento em que as ações do tráfico invadiram o asfalto, começaram a cooptar os elementos das classes médias, introduziram-se vicariamente na burocracia de Estado, estabeleceram relações de aliança com os aparelhos policiais, atingiram a extrema audácia de inclusive cravejar e assaltar instalações militares, pior (a gota d’água) – aqui vemos o erro fatal no cálculo dos chefes do tráfico –, tentaram afrontar a legitimidade das instituições do aparelho de Estado, imaginando-se arrogantemente superiores a elas, estas ações deletérias provocaram uma reação em cadeia no Estado. Tornara-se então insustentável do ponto de vista político agüentar mais uma humilhação. O Estado se sentindo acuado não pensou duas vezes: é hora de acionar força máxima. Homicídios, assassinatos, violência, tráfico de drogas, cooptação, aliciação, vitimas inocentes mortas, tudo isso é suportável pelo sistema, o que não pode se perder de vista é que quem manda e dita as regras do jogo, é o Estado.

Respondendo, então, ao nosso primeiro questionamento, aqui se encontra a verdadeira razão do revide do Estado, a descomunal força com a qual o Estado do Rio de Janeiro se voltou para responder aos atos de violência. A “desordem da ordem” é o Estado que faz. Ele é a própria ordem/desordem. Se este deixa acontecer um pouco de discórdia, bagunça, é porque é ele que detém de fato e de direito o monopólio da violência. No entanto, que não se tente inverter a posição de comando, desafiar o chefe supremo!

Afronte-me pelos flancos, não de frente. Pode atuar na ilegalidade, na clandestinidade, desde que não ouse colocar-se como rival em pé de igualdade na conquista pela hegemonia do poder.

Não tente me impor regras, pois eu sou a própria regra, a própria força. Não pode existir duas soberanias comandando um mesmo Estado. Só uma deve prevalecer. E de fato isso é a mais pura verdade. O Estado é o poder absoluto dentro de um território, porém, um mal necessário – no entender dos liberais ortodoxos. Seu poder de violência é descomunal frente à população em geral e às instituições da sociedade civil. A não ser, é claro, se existe uma facção da elite desejosa de se apossar do poder, compatível ou com alianças bastante sólidas para que tenha a coragem de declarar uma guerra civil. Obviamente, os traficantes de drogas não tinham a intenção de apossar-se do poder legal das instituições do Estado, mas foram suficientemente impetuosos e destemidos intimidando-as abertamente. Seu erro fatal.

Diante do exposto, percebe-se que não restou outra opção ao Estado que não a retaliação ostensiva e o combate em campo inimigo. Ele foi obrigado a sair de sua inércia atávica e tomou a atitude que se esperava dele há muito tempo. Estrategicamente o Estado foi coagido a adotar tal postura. Se havia uma agência de inteligência investigando as ações das quadrilhas, como alegado recentemente pelas autoridades, no entanto, ela não tinha a intenção declarada de tomar os morros e assim assumir a responsabilidade por mais uma matança. Coincidentemente, apenas, esta opção tornou-se viável.

Que a lição sirva então de conselho para as futuras quadrilhas: não tente colocar em risco a soberania do monopólio da violência e da legitimidade dos órgãos de Estado, pois eles têm força. Muita força. Como bem demonstrou o recente episódio, se provocado o leviatã acorda. O lema então é: “ado, ado, ado ... cada um no seu quadrado”. Ou seja, se cada um ficar na sua, tudo fica numa “nice”. Como antes: cada um cuidando de seu território e da sua respectiva partilha no espólio público.