domingo, 3 de outubro de 2010

Sociologia: Leitura Complementar

Etnicidade

O conceito de etnicidade refere-se às diferenças culturais entre grupos sociais ao longo de tempos e espaços diferentes. O sentimento de diferença cultural é aprendido socialmente como meio de identidade de um grupo, que se define pelas diferenças que apresenta em relação a outros. Nos processos de socialização são estimulados nos indivíduos os recursos que permitem afirmar as diferenças culturais no sentido de reforçar a identidade dos grupos.

As desigualdades sociais entre grupos étnicos têm a ver com a sua situação política e social, com o poder de que dispõem os diferentes grupos e, conseqüentemente, a capacidade de materializarem os seus interesses específicos.

Aos grupos cultural e numericamente em desvantagem numa sociedade chamamos minorias étnicas. O sentido de unidade e de diferença em relação aos outros é reforçado pelos mecanismos de segregação social de que são alvo. É freqüente que se encontrem isolados espacialmente em áreas desfavorecidas.

As minorias étnicas podem não apresentar diferenças físicas em relação ao grupo dominante. A Ciência acaba de confirmar a inoperacionalidade do conceito de raça que, sendo infundado cientificamente, serve de suporte a um fenômeno social altamente lesivo que é o racismo. O racismo é a crença na superioridade intelectual de certos grupos humanos com características físicas particulares.

Preconceito e Descriminação

O preconceito permite compreender que as representações que os grupos sociais fazem acerca de outros grupos não têm necessariamente um fundamento de verdade. Estas opiniões e atitudes constroem-se em função dos interesses específicos desses grupos e portanto obedecem a critérios oportunistas.

A descriminação não é uma opinião ou atitude, é uma prática, um comportamento tido em relação a indivíduos pertencendo a grupos diferentes.

A sociologia utiliza três conceitos na explicação destas atitudes e comportamentos: etnocentrismo, fechamento de grupo e repartição de recursos.

Conflitos Étnicos: perspectiva histórica

Desde a época moderna, contingentes de desalojados, desfavorecidos, voluntariamente ou à força, como no caso dos escravos, deixaram as suas terras para se fixarem em países estrangeiros onde se tornaram minorias dominadas.

O desenvolvimento do racismo moderno tem raízes na cultura europeia, nomeadamente no valor simbólico das cores preto e branco; no desenvolvimento equívoco do conceito de raça e, nas relações coloniais que levaram à exploração dos negros e outros grupos por parte dos brancos colonizadores.

Apesar da universalidade do etnocentrismo a História mostra que as relações de miscigenação (mistura de povos) podem apresentar variantes muito diferentes. Os colonizadores portugueses atuaram de um modo muito diferente, relativamente a holandeses, ingleses e espanhóis. Recorde-se o sistema de segregação racial (apartheid) instaurado na África do Sul após a II Guerra Mundial.

A escravatura é um dos exemplos mais cruéis de discriminação. Mesmo depois da sua abolição os negros continuaram a ser segregados das mais diversas formas. Nos EUA uma longa história de luta pelos direitos de cidadania teve início. Destaca-se a atuação de milhares de negros sob a orientação de Martin Luther King.

Prováveis desenvolvimentos nas relações étnicas

O estudo dos problemas relativos às minorias étnicas apresenta diversos problemas uma vez que a situação de clandestinidade de muitos imigrantes faz com que a informação estatística seja incompleta. Os conflitos nacionalistas e a precariedade econômica de muitos países têm trazido grandes contingentes de imigrantes à Europa. Estes grupos afetados de grandes problemas do ponto de vista econômico e social são os mais expostos a fenômenos racistas do tipo “bodes expiatórios”. As estatísticas demonstram que os imigrantes africanos continuam a sofrer os maiores problemas no trabalho, mesmo quando as legislações os protegem relativamente. Outros estudos, de ordem qualitativa, tendem a mostrar as dificuldades e experiências negativas por que passam especialmente os imigrantes africanos.

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